Programa ABC, linha de crédito para financiar boas práticas no campo, precisa ser melhor trabalhado junto ao produtor rural, avalia gerente do Banco do Brasil

ca25964560570902c940494f9268c1f0

Destinado a financiar boas práticas no campo, o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), linha de crédito que integra o Plano Agrícola e Pecuário do governo federal, precisa ser mais bem divulgado junto ao produtor rural. A avaliação é de Álvaro Schwerz Tosseto, gerente-executivo da diretoria de Agronegócios do Banco do Brasil (BB), que participou na quarta-feira (21), da Conferência Ethos, em São Paulo (SP). Para uma audiência pouco familiarizada, mas ávida em saber o “status quo” sustentável do agronegócio, Tosseto procurou destacar o que o setor vem fazendo em termos de conciliar produção e proteção ambiental, e o papel do BB, como principal financiador do segmento, neste desafio.
Lançado em 2010, o programa ABC oferece condições diferenciadas de taxas de juros e prazos para financiar tecnologias e processos dedicados a reduzir às emissões de gases de efeito estufa na agropecuária, com destaque para iniciativas de recuperação de pastagens degradadas, integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistema de plantio direto, tratamento de dejetos de animais, fixação biológica de nitrogênio e cultivo de florestas plantadas.

Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostram que foram desembolsados R$ 2 bilhões em crédito para o Programa ABC no ano-safra 2015/16, montante inferior aos R$ 3,6 bilhões que foram captados pelos produtores no ciclo anterior. Taxas de juros mais altas e aumento nos custos de produção foram os motivos apontados pelo ministério para a queda.

“A redução se deveu ao cenário macroeconômico. Apesar de o agronegócio ser o setor da economia que vem apresentando resultados melhores, ele também sofre o impacto da macroeconomia”, disse Tosseto, acrescentando que é preciso sim divulgar melhor para o produtor rural as oportunidades que o Programa ABC oferece, buscando ressaltar que a adoção das boas práticas também acarreta, obviamente, em ganhos de eficiência e em resultado econômico.

De acordo com o executivo, ao implantar as técnicas do Programa ABC, o produtor poderá aumentar sua produtividade, trocar equipamentos, por exemplo, em um esforço para que a sua atividade também consiga ser mais produtiva em um espaço menor de tempo. “No Programa ABC, ao tomar o recurso, o produtor também tem a oportunidade de financiar a assistência técnica para sua propriedade.”

Desde seu início, o Programa ABC já destinou R$ 13,2 bilhões em crédito. “Respondemos por aproximadamente 80% destes recursos”, afirmou o executivo do BB, complementando que para a temporada em vigor [2016/17], a expectativa é que os financiamentos cheguem a aproximadamente R$ 1 bilhão. “Deveremos ter um leve crescimento, entre 5 a 6% em relação ao ciclo passado”, salientou Tosseto. No entanto, os números citados pelo executivo diferem da estimativa divulgada em julho pelo BB, que sinalizava a concessão de R$ 2,2 bilhões em financiamento para o Programa ABC na temporada vigente [2016/17].